Normalmente, todos nós já palpamos um ponto doloroso e endurecido em algum músculo, principalmente na região das costas! Não raro, nos pegamos num ato espontâneo de automassagem com o intuito de aliviar o desconforto e a dor.
Esse é o famoso ponto-gatilho miofascial (PGM)! Trata-se de um nódulo palpável, hiperirritável, presente em fibras musculares esqueléticas, que costumam se apresentar numa faixa tensa e rígida. A presença de um ou mais desses pontos-gatilho miofasciais (PGM) caracteriza a chamada síndrome dolorosa miofascial (SDM).
O ponto-gatilho pode ocasionar dor local ou dor referida (à distância). O quadro álgico pode estar presente espontaneamente ou quando realizada uma compressão manual.
Segundo Simons e Travell, em The Trigger Point Manual , a dor costuma ser relatada como uma sensação profunda, expansiva e muitas vezes, de difícil definição.
No estágio clínico latente, o ponto-gatilho não causa dor espontânea, ela é reproduzida (local ou referida), através da sua compressão. Mesmo no estágio latente, pode haver alteração dos padrões de ativação muscular ou fraqueza muscular. Já um ponto-gatilho no estágio clínico ativo pode causar dor espontânea e, quando comprimido, pode acarretar, além da dor, fenômenos autonômicos como rubor da pele, sudorese, tontura, dentre outros.
Os músculos com ponto-gatilho ativo podem apresentar uma extensibilidade limitada e, consequentemente, as articulações envolvidas também podem apresentar uma amplitude de movimento reduzida.
Para o diagnóstico clínico da síndrome dolorosa miofascial, é necessário que no exame físico, o profissional esteja atento à palpação de um ponto hipersensível, presente numa faixa muscular tensa e rígida. Ao comprimir esse ponto-gatilho, pode haver uma queixa de dor referida, ou seja, dor em local distinto do PGM.
A síndrome dolorosa miofascial, muitas vezes, está associada a várias condições dolorosas. Essa observação sugere que os pontos-gatilho podem surgir em diversas condições patológicas, como um gerador de dor.
Embora a síndrome dolorosa miofascial apresente importante relevância clínica, ainda existem controvérsias sobre o seu diagnóstico na comunidade científica e, por isso, novos estudos continuam sendo desenvolvidos.
Alguns fatores potencializam o surgimento ou agravamento dos pontos-gatilho, como por exemplo, sobrecarga mecânica ou muscular e estresse emocional ou mental. Essa associação sinaliza para a possível necessidade de um cuidado multidimensional e não apenas biomecânico.
Dentre as abordagens de tratamento, podem ser consideradas as invasivas, como o agulhamento seco e as injeções medicamentosas; e as não invasivas, que incluem diversas técnicas manuais, como a compressão isquêmica, técnica de indução miofascial, alongamentos passivos, técnicas de energia muscular etc.
Além disso, podem ser utilizados como coadjuvantes ao tratamento modalidades de eletroterapia, como o ultrassom, laser de baixa potência e estimulação elétrica nervosa transcutânea.
Ensaios incluídos numa revisão sistemática confirmaram que o tratamento dos pontos-gatilho, por intermédio da terapia manual, apresentou eficácia confirmada a curto prazo, com redução do limiar de dor à pressão e da sensibilidade localizada.
Em relaçao às terapias com ultrassom, laser e TENS, também foi observada uma eficácia em curto prazo na redução da intensidade da dor dos pontos-gatilho.
Uma meta-análise de sete ensaios randomizados confirmou que os tratamentos de terapia manual para PGM podem ajudar na redução da frequência, intensidade e duração da cefaleia do tipo tensional e da enxaqueca.
Assim, pode ser considerado um plano de tratamento multimodal incluindo, por exemplo, agulhamento seco, eletroterapia, terapia manual, exercícios ativos e educação para melhorar a qualidade de vida de pacientes com síndrome dolorosa miofascial.
Cristiane Marques
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Esse texto teve como referência o artigo: Myofascial pain syndrome and trigger points: evaluation and treatment in patients with musculoskeletal pain, dos autores Marco Barberoa,b, Alessandro Schneebelia , Eva Koetsierb,c, and Paolo Mainob, publicado na CURRENT OPINION
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