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Mulher: feminilidade, beleza e autocobrança.

Foto do escritor: Cristiane MarquesCristiane Marques

Para a nossa cultura ocidental contemporânea, existe uma tendência à associação da figura feminina com beleza, saúde e juventude. Nessa nova ordem social, é dado muito valor à imagem e ao olhar do outro em relação a esta. Tal supervalorização estética é incentivada, inclusive, pelos meios de comunicação.

Na busca por essa perfeição estética, por esse corpo ditado como ideal pela sociedade, vemos o aumento do consumo de cosméticos, procedimentos estéticos, cirurgias plásticas, dentre outros.

A princípio, essa busca pela beleza e pela estética pode ser saudável e positiva, desde que esse investimento seja um mero complemento a sua feminilidade nata. O problema está quando a relação com o ideal de beleza escraviza a mulher; quando se percebe uma insatisfação crônica com a sua imagem corporal.

Muitas vezes, a busca incessante pelos procedimentos vem acompanhada de uma inquietude, de uma sensação de obrigação que pode causar sofrimento, opressão e angústia.

Somente quando acarreta inquietações psíquicas, essa busca pela dita beleza requer cuidado e atenção.

“Paralelo ao investimento em uma imagem de corpo feminino ideal, valendo-se dos recursos que a ciência dispõe para moldá-lo, ele - o corpo- parece ter se tornado o palco de muitos conflitos e questionamentos” (Souza, 2007)

Diante disso, Del Priori, em 2009 convida à importante reflexão: “Por que a necessidade da perfeição?"

A título de curiosidade, vale passear numa breve história sobre a mulher e a beleza:

Na Idade Média, a beleza da mulher era vista como uma “armadilha do pecado”. No século XVI, a ênfase estava na delicadeza da sua pele, na intensidade dos olhos. Já nos séculos subsequentes, essa ênfase migrou para as pernas, quadris e cintura. No século XIX, a mulher passa a ter uma maior participação social, e isso trouxe algumas mudanças na sua feminilidade: “Sua beleza passa a sinalizar uma mulher mais autônoma, que trabalha e usufrui de uma liberdade conquistada e maior.” (Moreno, 2008)

No século XX, ocorreu o desvelamento do corpo feminino em público, nas praias e na mídia. Isso acarretou o aumento da autocobrança, as comparações e a enaltecimento da juventude em detrimento da velhice. (Del Priori, 2009)

Chegamos, então, ao século XXI correlacionando a beleza feminina com a “boa forma” do corpo.

Assim, podemos perceber como as transformações históricas e socioculturais foram modificando alguns ideais femininos.

Adentrando, agora, o olhar psicanalítico a respeito do tema, vocês sabiam que foi por intermédio de Freud que a histeria deixou de ser considerada uma patologia exclusiva da mulher? O tema da feminilidade surge em alguns dos seus textos e, em 1931, Freud enfatiza a relação mãe-filha como ponto fundamental na estruturação feminina e no fortalecimento da sua autoestima. Para ele, o discurso parental projeta na criança uma imagem idealizada, e essa, à medida que vai crescendo, vai desenvolvendo um ideal a fim de satisfazer algumas exigências externas.

Então, apesar da mulher carregar como referências diversos valores estéticos, o que vai determinar o quanto esse ideal de beleza interfere no seu psiquismo é a sua história particular e subjetiva de vida; a sua relação com as figuras parentais. Isso será determinante na forma como a mulher se reconhecerá, na forma como ela enxergará a sua beleza relacionada aos seus potenciais natos e não aos padrões que lhes são impostos.

Fica aqui o convite a sua autorreflexão. Os padrões impostos de beleza não devem te acarretar sofrimento ou angústia. Se isso estiver acontecendo, pode ser sinal de um conflito inconsciente, que retoma algumas lembranças passadas e merece uma escuta terapêutica.

Cristiane Marques



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