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Mas, afinal, o que é a hérnia de disco?

Foto do escritor: Cristiane MarquesCristiane Marques

Atualizado: 23 de jul. de 2024

Antes de compreender o que é a hérnia de disco, precisamos conhecer a anatomia da nossa coluna vertebral.

A coluna vertebral é composta por vértebras e no interior dessas vértebras existe um canal que abriga a medula espinhal.

Com a finalidade de diminuir o atrito entre as vértebras, minimizando o impacto, possuímos os discos intervertebrais. Eles são constituídos por um tecido cartilaginoso e elástico.

O que ocorre é que, ao longo dos anos, as nossas vértebras e discos vão sofrendo desgastes em função de predisposições genéticas, posturas inadequadas, hábitos de vida, sobrecarga de trabalho ou esporte, além de possíveis acidentes ou situações mais agudas.

Tais situações favorecem a formação das protrusões e/ou hérnias de disco, que nada mais são que a lesão e rompimento dos anéis fibrosos do disco intervertebral, fazendo com que o seu conteúdo interno, o núcleo pulposo, que possui uma textura mais gelatinosa, acabe extravasando e saindo da sua posição normal.

É possível ter um quadro assintomático ou um quadro de dor leve a moderado no local da hérnia de disco. Porém, parte do disco extravasado pode comprimir raízes nervosas que emergem da coluna, causando diversos sintomas como parestesias (formigamento), dor intensa, diminuição de alguns reflexos e perda de força muscular. Esse quadro pode ser incapacitante, comprometendo a qualidade de vida do indivíduo em diversos aspectos.

As regiões mais comumente afetadas pela hérnia discal são a coluna cervical e a lombar.

E por que uma hérnia de disco cervical costuma causar sintomas em um ou ambos os membros superiores, assim como uma hérnia de disco lombar costuma causar sintomas em um ou ambos os membros inferiores?

Tal situação ocorre em função da compressão da raiz nervosa, como foi mencionado antes. Ou seja, entre as vértebras, estão 31 pares de nervos que emergem da medula. Cada nervo apresenta duas raízes, uma motora e uma sensorial.  Ocorre que esses nervos prolongam suas ramificações para todas as partes do corpo e é exatamente por isso que os sintomas podem se estender do local da hérnia para outros locais à distância que recebem inervação provenientes do local da lesão.

Por isso é importante compreendermos o papel dos dermátomos nos sintomas da hérnia de disco. Dermátomo é uma área da pele em que todos os nervos sensoriais vêm de uma única raiz nervosa. Na prática, um indivíduo com uma hérnia de disco entre a quinta vértebra lombar e a primeira vértebra sacral (L5-S1) poderá apresentar sintomas de dor e parestesia na face lateral da perna e da coxa e na face medial do pé, por exemplo.

Para o diagnóstico são necessários testes clínicos associados à história do paciente e exames de imagem como radiografia, tomografia computadorizada e, principalmente, a ressonância nuclear magnética, que é capaz de precisar a região, o tamanho da hérnia e o grau de comprometimento.

O tratamento dos sinais e sintomas costuma ser multifatorial e interdisciplinar. É importante salientar que o anel fibroso, quando rompido, não se regenera, logo, não falamos em cura da hérnia de disco. Isso não significa, porém, que o indivíduo vai cursar continuamente com quadro de dor e limitação.

Nos momentos agudos de crise álgica e limitação funcional, faz-se necessária a prescrição de medicamentos, repouso relativo e fisioterapia analgésica. Uma vez saído da crise álgica, é importante que os profissionais de saúde, juntamente com o paciente, tracem um planejamento de cuidados a médio e longo prazo, para que esse indivíduo leve a sua vida normalmente, realizando de maneira satisfatória as suas atividades diárias, laborais, esportivas, sociais e de lazer.

O tratamento conservador engloba a Fisioterapia, principalmente as técnicas de Terapia Manual e Postural, que costumam ser realizadas uma ou duas vezes na semana. Nelas, o paciente é convidado a participar de maneira ativa, sendo educado e orientado quanto a todos os aspectos que envolvem o seu quadro clínico e é submetido a manipulações e mobilizações do tecido osteomuscular e miofascial.

Sabe-se que, quantos mais o indivíduo se apropria dos seus sintomas e compreende o seu quadro clínico, mais ele consegue agir de maneira preventiva, de modo a evitar situações precursoras de crises álgicas.

De modo geral, essa terapêutica costuma proporcionar alívio e ou remissão dos sintomas, bem-estar e relaxamento global e maior liberdade e independência do paciente.

Além do trabalho postural realizado, é importante que esse indivíduo seja acompanhado por um profissional de Educação Física para conduzir um programa de exercícios físicos que auxiliem na manutenção da sua saúde global.

Em alguns casos, nos quais o tratamento conservador não obtém êxito, pode ser necessário condutas médicas (invasivas ou não), como por exemplo: infiltração na coluna, injeção epidural, cirurgia endoscópica, microdiscectomia etc.


Cristiane Marques



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